terça-feira, 24 de novembro de 2009

Oficina Mobilidade Social e Cidadania Ativa - V Seminário de Iniciação à Pesquisa Científica da Faculdade CEUT

Sarah Teles - 7º período de Jornalismo

Em continuação às atividades do V Seminário de Iniciação à Pesquisa Científica da Faculdade CEUT, na noite do dia 5 deste mês, na sala 15 do bloco 2, foi ministrada a oficina “Mobilidade Social e Cidadania Ativa” pela professora do Mestrado de Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Maria Dalva Macedo Ferreira.
Graduada no curso de Serviço Social da UFPI e Doutora na área de Políticas e Movimentos Sociais pela PUC – SP, Maria Dalva falou aos participantes sobre a importância da mobilidade social que se dá através dos interesses coletivos. É quando se encontram identidades comuns de interesses e se busca uma resposta coletiva através de um objetivo comum.
Em entrevista à professora, perguntei sobre a nova realidade da mobilidade social encontrada hoje.
Por que, no seu ponto de vista, não existe mais tanta mobilidade social nas ruas como antes?

Não existe como antes, porque não há mais a comunhão de interesses como antes havia. Apenas se estabelecem relações midiáticas que acabam, muitas vezes, por individualizar os interesses. Os meios de comunicação como a televisão e a internet contribuem para isso. A identidade entre os jovens se modificou, a realidade agora é outra. Antigamente, tínhamos uma luta política e hoje temos uma luta por identidade, trabalhando com questões raciais, de sexualidade, etc. Hoje, a identidade dos jovens geralmente está sendo buscada em locais como shoppings e festas ao invés de nos protestos nas ruas como acontecia antes. Assim, hoje se encontram muito mais organizações de interesses individuais. A mobilização social de antigamente é mais vista hoje na periferia, onde os grupos lutam por equipamentos sociais como escolas e hospitais.

A senhora acredita que a internet é apenas negativa para o surgimento das mobilizações sociais, uma vez que ela facilita a comunicação entre as pessoas?

A internet pode ser positiva ou negativa. É positiva uma vez que transmite conhecimento rápido e permite o compartilhamento abrangente de interesses e assim o surgimento de uma possível mobilização social. Mas não costuma ocorrer muito, por exemplo, os encontros marcados e planejados através da internet entre pessoas que percebem alguma identificação entre si, geralmente não chegam ao ponto onde há identidade de conhecimento real sobre o outro. O grupo acaba se dispersando nesses encontros, as pessoas acabam não se conhecendo de verdade e não se desenvolve nenhum tipo de mobilização social.

De que forma o ser humano pode estar sendo afetado pela falta de mobilização social?

Outro dia, em um debate entre profissionais da área, discutíamos sobre a depressão, muito comum atualmente, e como ela pode ser causada por essa falta de contato social real e assim, de motivação social coletiva. Na internet, por exemplo, o corpo e a mente se vêem voltados apenas para uma imagem, não há um reconhecimento de identidade que se dá através do contato real, a identidade geralmente fica confusa e aí vem a depressão. Além disso, a educação, que é fundamental nesse aspecto, atualmente está sendo voltada para o mundo competitivo, e assim, a sociedade está se tornando cada vez mais individualista e as relações cada vez mais fluidas.

Como a senhora percebe a cidade de Teresina no aspecto da cidadania ativa?

Teresina é pobre no âmbito cultural e do trabalho. Há uma deficiência de espaços culturais acessíveis a todas as classes e um grande número de jovens na cidade desempregados, devido às restrições do âmbito trabalhista. Isto contribui para que o tráfico de drogas se torne uma opção e por isso, Teresina hoje é uma rota para este tipo de crime.

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