quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Heavy Metal supera preconceitos

Diego Iglesias: baixista das bandas Hevora e Phantom of Death


Por: Mara Vanessa - 4° período - Jornalismo
mara.vanessa777@gmail.com


Considerado como estilo musical inferior e vazio, o Heavy Metal passou muito tempo no limbo das composições musicais. Saiba o que dizem e pensam os defensores desse segmento.


Impopularidade. Eis a palavra que define – e estigmatiza – o Heavy Metal, caracterizando-o como um estilo musical malquisto. Em Teresina, a realidade não é diferente. Muitas bandas foram – e ainda são – obrigadas a enfrentar sérias dificuldades para poder expressar e divulgar seu trabalho. Obstáculos que vão desde a limitação de espaços destinados a eventos até a falta de incentivo midiático e cultural.

Porém, nos últimos anos, o Heavy Metal tem angariado uma crescente aceitação por parte da sociedade, refletida no aumento do número de shows, na procura cada vez maior por camisetas, CDs e materiais das bandas que seguem essa orientação musical.

Sérgio Araújo, vocalista da banda Retalhador e proprietário de um estúdio de ensaio musical, afirma que o Heavy Metal é muito mais do que identificação.

“O Metal está ligado à ideologia, ao espírito de contestação e, sonoramente falando, abrange tantas vertentes que é muito fácil o indivíduo se identificar com uma delas”, declara.

Executando uma sonoridade conhecida por Death/ Thrash Metal, que tem por características riffs pesados, bateria veloz com bumbo duplo e vocais rasgados e guturais, o Retalhador já se consolidou como um dos grandes nomes do estilo em território piauiense.

Na lista de shows da banda figuram apresentações em todo o Estado, bem em várias cidades do Maranhão e Ceará. Acoplado a isso, o Retalhador já concedeu entrevistas para diversas mídias nacionais e locais (programas de televisão, rádio e endereços eletrônicos). O vocalista também é organizador do Metal Arena Festival, cuja última edição data de 2006, e que se tornou um marco dentro dos eventos agendados no ano, por reunir um público de quase 1.000 pessoas e mais de 10 atrações, além de realizar a doação de meia tonelada de alimentos à Casa Frederico Osanam, abrigo destinado à pessoas idosas desprovidas de recursos materiais.

Já passaram pelos palcos do Piauí bandas como Matanza (RJ), Kreator (Alemanha), Desaster (Alemanha), Angra (SP), dentre outras. No último sábado, dia 19 de setembro, os baianos do Malefactor estiveram em Teresina para uma única apresentação, que aconteceu no Espaço Cultural Noé Mendes.

O jornalista e músico Diego Iglesias, que trabalha em um dos jornais de maior circulação do Piauí e é baixista das bandas Phantom of Death e Hevora, acredita que “a realização de grandes shows no Piauí proporcionam algo além de um momento de lazer, mas como um convite a outras pessoas que não conhecem ou vivenciam o metal. Além disso, como temos um público fiel, quem vem tocar por aqui sempre leva uma boa impressão na bagagem”. Ele ainda acrescenta que a valorização do produto musical local “mexe com a nossa auto-estima.”

“Como músico, posso afirmar que os shows proporcionam um espaço a mais para apresentações, valorizando o potencial das bandas da terra”, argumenta Diego.

Quando questionado se o Heavy Metal seria uma ferramenta de modificação social, o jornalista responde sem titubear: “Sim. Os headbangers podem me crucificar por essa opinião, mas acredito que o Heavy Metal é como o Carnaval [em parte]. Em um show de metal, todo mundo é igual. Ninguém e mais preto, branco, feio, bonito ou fedido do que o outro. Todos são apenas ‘batedores de cabeça’ (termo utilizado para designar apreciadores do estilo musical).”

Diego Iglesias se diz incomodado pelos preconceitos em torno do Heavy Metal e revela que o enquadramento de grupos sociais em determinados estereótipos só fortalece definições pré-fabricadas e vazias.

“Sou pai de família, respeitador, altamente comprometido com meu trabalho como jornalista, que levo a sério ao extremo com muita responsabilidade – e colhi bons resultados por isso”, confirma.

Argumentos que ratificam a ideia de que derrubar a fábrica de preconceitos é o primeiro passo para conhecer e entender a realidade do outro, esteja ela inserida em qualquer esfera, seja cultural, política, social e/ou musical."

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