quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A suavidade das folhas de outuno

Por: Mara Vanessa - AGECOM
mara.vanessa777@gmail.com

Acompanhando o trepidar das folhas no Outono, surgiu o Scarlet Leaves. Formado em 2003, sob o céu cinzento de São Paulo, a banda aposta na execução de passagens atmosféricas, experimentais e na carga emocional de sintetizadores, buscando influências dentro do Gothic Rock. O line-up é composto por Cláudia (vocais), Audret (guitarra), Danny (baixo) e Jean (sintetizadores). Finalizando as gravações do seu novo álbum - “Outlining States of Mind” - a banda concedeu uma rápida entrevista, revelando um pouco mais do que podemos esperar dessa mistura fina, ainda produzida em baixa escala no Brasil.

O Scarlet Leaves faz uma referência direta ao Outono, estação do ano caracterizada pela mudança na coloração das folhas das árvores, que ganham uma tonalidade amarelada e avermelhada. Sendo a banda oriunda da grande metrópole paulista - um tanto vitimada pela poluição - essa estação ainda é sentida da mesma maneira, despertando os mesmos sentimentos?

Jean - Embora em nossa cidade as estações não sejam bem definidas climaticamente, chegando a termos as 4 apenas em um dia, o sentimento sim é o mesmo, pois estão dentro de nós. Nossa musica evoca e combina com aqueles dias mais frios em que estamos mais introspectivos e ainda harmoniza com as cores que a natureza pinta nesta paisagem cinzenta criado pelo homem.

Apesar da inegável influência Gothic Rock/ Darkwave/ Ethereal, vocês estão traçando uma estrada própria. A mistura desses elementos, somado à música eletrônica e ao clima atmosférico, criam uma aura ainda pouco explorada - com riqueza de detalhes - dentro da cena brasileira. Que fatos vocês apontariam como causador desse fato?

Jean - O estilo de tocar está diretamente ligado às influências musicais e ao gosto pessoal. Como no Brasil, a grande maioria do público é influenciada pelo que acontece lá fora, principalmente a cena alemã, é natural que a produção das bandas daqui reflita essa influência. O que tentamos fazer é mesclar de forma harmoniosa as partes que achamos interessantes e temos como referência desses estilos citados, não tendo necessariamente que ser um ou outro.

Uma das coisas que eu gostaria de ressaltar é a beleza angelical dos vocais de Cláudia. Simplesmente dão vida às emoções que as letras emanam! É simplesmente magnífico! Como anda a repercussão da banda no país?

Jean - Desde o primeiro lançamento, o single Images of Memories, estamos galgando espaço e ganhando reconhecimento pelo país e pelo mundo. Agora com o lançamento do álbum oficial esperamos alcançar novos horizontes.

O layout do site é interessante e delicado. Sem dúvidas, é o tipo de comunicação visual que leva à associações imediatas. Que importância vocês creditam a esse tipo de correlação?

Jean - Penso que toda a questão artística da banda tem que conversar entre si. Então letras e voz e instrumental tem que ter uma relação, bem como o visual da banda, seja no site ou material impresso/arte dos cd’s. A identificação ou associação com o estilo da banda deve ser imediata ou sugerida pelas imagens que utilizamos. A idéia é criar um vínculo da parte visual com outros aspectos encontrados na banda, como os climas e estados de espírito sugeridos nas músicas, aos termos abordados nas letras entre outros.

Quais são as principais influências musicais e literárias do Scarlet Leaves? Além do Outono, de onde surgem as inspirações?

As inspirações que refletem diretamente a maneira que compomos, tanto musical como literariamente, vem da natureza. E digo a natureza de uma forma bem ampla, desde a natureza do homem com suas oscilações de humor e temperamento, suas mudanças de visão em relação às coisas ao redor e sua própria vida, os encontros e desencontros do “destino”. E também a natureza como ciclo de acontecimentos, vida e morte, e sua perfeição na construção das coisas. Poderia ser resumido como um balanço de perfeição da natureza nas coisas que constrói e a imperfeição do homem, que por sua vez, também é fruto da natureza.

Recentemente, li um review de um dos shows de vocês, em que o autor do texto criticava a falta de interação do público com a banda, classificando-a de “inerte”. Como vocês acreditam que deve ser a postura de palco? Ela deve ser condizente com o som? Deve ser teatral ou, simplesmente, não deve existir?

Jean - A postura no palco deve ser natural. É interessante que a postura de palco reflita a musica/letra com interpretação condizente, porém isso esbarra na questão pessoal de cada integrante da banda, que não irá atuar ou ser mais performático no palco se sua natureza é mais reservada, e este é nosso caso.
Já a Claudia é mais extrovertida e carismática e interpreta bem as letras com gestos suaves e expressivos e com sentimento em sua voz.

Existem muitas críticas à postura gótica e sua banalização. O fato de muitas pessoas usarem o termo “gótico” para caracterizar atitudes bizarras, realizar eventos com fins puramente comerciais, esboçar fotos em páginas da internet e utilizar uma indumentária apelativa, trouxe essa plastificação do que seria um estilo de vida baseado nas tendências do Gothic. Qual a posição de vocês sobre isso?

Jean - Não queremos ser embalados nesse plástico.

Falem um pouco sobre o EP “Compilation of Early Dreams” (2005) e quais são as expectativas para o lançamento do novo álbum “Outlining States of Mind” (2008).

Jean - O EP foi um registro de nossos primeiros trabalhos, ainda em fase de descobertas e aprimoramentos, e mesmo com algumas deficiências, foi muito bem recebido pelo público. No nosso primeiro trabalho oficial estamos mais maduros e entrosados como banda, e com o estilo de tocar mais definido. Para este álbum gastamos vários dias na escolha dos timbres, aprimoramentos nas musicas antigas, na gravação e na produção. Contamos com excelentes profissionais para que este projeto.

O trabalho de arte de “Compilation of Early Dreams” traz uma mistura das duas tonalidades do Outono nas folhas caídas. Simples e bonito. O do álbum “Faces” (2006) vem com o desenho de outra folha. Essa seria então, a representação do Scarlet Leaves? Vocês pretendem “logotipificar” essa idéia?

Jean - O que foi feito é tentar criar a identidade visual da banda, e isso era importante na época desses lançamentos quando a banda estava começando e precisava de uma identificação condizente com a música que praticamos. No caso do single Faces, eu elaborei esta imagem que seria o logo da banda quando necessário um. Se quisermos resumir o nome da banda em uma imagem, esta seria ela.


Fonte: Novo Metal

(entrevista realizada em 23/09/2008)

Um comentário:

Adriano Bihac disse...

já tá criando tua assinatura, Maronilda! parabéns, gatinha!