Por: Mara Vanessa - 5° período - Jornalismo
mara.vanessa777@gmail.com - Reportagem Especial
“Nem sempre eu entendo tudo o que os professores querem dizer. Eles falam muito complicado, parece que embrulham a língua. Fico até com receio de perguntar alguma coisa, porque tenho medo de parecer burro, sei lá”. Essa é a visão do estudante de Direito Felipe Zilli, 22 anos, quando questionado sobre como ele avalia a comunicação entre professores e alunos da universidade em que estuda. A opinião do acadêmico faz coro aos reclames, muitas vezes silenciados, de estudantes dos mais variados níveis de formação: a linguagem usada por professores dentro de sala de aula soa distante, incompreensível.
Muitas vezes, o aluno se sente ‘emparedado’ por palavras complicadas e totalmente fora do seu campo de compreensão. “Existem professores que impõe certas formas de comunicação com ideias ultrapassadas, achando que o aluno é apenas receptor e não um emissor de mensagens”, desabafa Saulo Gracia, 23 anos. Saulo cursa Ciência da Computação em uma universidade pública e se diz inconformado com a “dificuldade de comunicação entre professor e aluno”, pois “existem profissionais que querem ser a voz da verdade, dificultando o acesso à informação justamente em um ambiente em que deveria ser o contrário”, afirma.
O historiador e videomaker Aristides Oliveira reforça a crítica ao formato adotado por muitos educadores: “Na academia, poucos professores são realmente próximos dos alunos como deveriam ser, pois, infelizmente, ainda existe a necessidade infantil de estabelecer um poder verticalizado em vez de respeito mútuo. Esse tipo de atitude é muito usada como forma de proteção pessoal pelos ‘eruditos’, que esqueceram que a ‘V’erdade e a difusão do conhecimento se escreve de outra forma hoje em dia”, declara. Aristides é mestrando em História do Brasil pela UFPI [Universidade Federal do Piauí] e integrante do Coletivo Diagonal [grupo que divulga e produz vídeos alternativos], estando diretamente envolvido na rotina universitária e intelectual da capital piauiense. Segundo ele, é necessário que a sociedade se conscientize da importância do saber compartilhado, vendo a universidade como experiência de transformação do meio.
Mudança que deve se operar também no meio intelectual, entre autores, poetas e artistas. Algumas obras fazem uso de termos extremamente herméticos, com extensos e cansativos jogos de linguagem/percepção. Em artigo publicado no Jornal do Brasil de setembro do ano passado, o jornalista, escritor e professor Felipe Pena defende a simplicidade e fluência da escrita. Ele afirma que “a linguagem da academia é produzida como estratégia de poder. Quanto menos compreendidos, mais nossos brilhantes professores se eternizam em suas cátedras de mogno, sem o controle da sociedade. E isso se reflete na literatura.”
mara.vanessa777@gmail.com - Reportagem Especial
“Nem sempre eu entendo tudo o que os professores querem dizer. Eles falam muito complicado, parece que embrulham a língua. Fico até com receio de perguntar alguma coisa, porque tenho medo de parecer burro, sei lá”. Essa é a visão do estudante de Direito Felipe Zilli, 22 anos, quando questionado sobre como ele avalia a comunicação entre professores e alunos da universidade em que estuda. A opinião do acadêmico faz coro aos reclames, muitas vezes silenciados, de estudantes dos mais variados níveis de formação: a linguagem usada por professores dentro de sala de aula soa distante, incompreensível.
Muitas vezes, o aluno se sente ‘emparedado’ por palavras complicadas e totalmente fora do seu campo de compreensão. “Existem professores que impõe certas formas de comunicação com ideias ultrapassadas, achando que o aluno é apenas receptor e não um emissor de mensagens”, desabafa Saulo Gracia, 23 anos. Saulo cursa Ciência da Computação em uma universidade pública e se diz inconformado com a “dificuldade de comunicação entre professor e aluno”, pois “existem profissionais que querem ser a voz da verdade, dificultando o acesso à informação justamente em um ambiente em que deveria ser o contrário”, afirma.
O historiador e videomaker Aristides Oliveira reforça a crítica ao formato adotado por muitos educadores: “Na academia, poucos professores são realmente próximos dos alunos como deveriam ser, pois, infelizmente, ainda existe a necessidade infantil de estabelecer um poder verticalizado em vez de respeito mútuo. Esse tipo de atitude é muito usada como forma de proteção pessoal pelos ‘eruditos’, que esqueceram que a ‘V’erdade e a difusão do conhecimento se escreve de outra forma hoje em dia”, declara. Aristides é mestrando em História do Brasil pela UFPI [Universidade Federal do Piauí] e integrante do Coletivo Diagonal [grupo que divulga e produz vídeos alternativos], estando diretamente envolvido na rotina universitária e intelectual da capital piauiense. Segundo ele, é necessário que a sociedade se conscientize da importância do saber compartilhado, vendo a universidade como experiência de transformação do meio.
Mudança que deve se operar também no meio intelectual, entre autores, poetas e artistas. Algumas obras fazem uso de termos extremamente herméticos, com extensos e cansativos jogos de linguagem/percepção. Em artigo publicado no Jornal do Brasil de setembro do ano passado, o jornalista, escritor e professor Felipe Pena defende a simplicidade e fluência da escrita. Ele afirma que “a linguagem da academia é produzida como estratégia de poder. Quanto menos compreendidos, mais nossos brilhantes professores se eternizam em suas cátedras de mogno, sem o controle da sociedade. E isso se reflete na literatura.”
Literatura e Cotidiano
Ler clássicos e obras literárias faz parte do nosso cotidiano? Aristides Oliveira acredita que não, “pois a indústria televisiva toma conta da rotina de nossos corpos voluntariamente ou não. É uma questão muito delicada de tratar, pois depende da forma que cada cidadão se comporta no seu cotidiano. Vivemos um processo de democratização da comunicação onde os livros estão se barateando (Editora M. Claret, por exemplo) e fica cada vez mais fácil baixar e-books em sites como ‘Domínio Público’, mas falta incentivo maior para que este acesso seja mais sólido”, afirma. O historiador lembra a resposta que escutou de um amigo quando o mesmo tema foi abordado: “Tu acha, que se eu trabalhasse 12h por dia no Armazém Paraíba, chegando morto de cansado em casa com um monte de menino pra criar, eu ia ler um livro do Fernando Pessoa pra me distrair?! Que nada, ia ver o jogo do Brasileirão. Essa foi a resposta debochada do meu amigo”, revela.
Aristides argumenta que ”vivemos em uma cultura onde o suporte do vídeo e das imagens é mais predominante que o do livro, devido ao processo de descaso da sensibilidade promovida pela educação brasileira, onde o aluno vê um livro didático como perca de tempo, minimizando o espaço que a literatura ocupa na vida das pessoas. Basta sair na rua e perguntar: Quantos livros você lê por ano? A decepção vem em instantes. Enquanto a população se debruçar nos "BBBs" e "Gugus", a leitura será prática minoritária”, conclui.
Há ainda aqueles que pensam de maneira oposta, encarando o espaço que a literatura ocupa na sociedade contemporânea como algo “absolutamente relativo a cada indivíduo.” É o que você verá na continuação desta reportagem.
Será que é preciso saber “ler literatura” para vivenciá-la integralmente? Qual a melhor forma de alcançar o feedback entre autor-leitor? É possível alcançar uma espécie de "escrita democrática" acessível para todos os leitores? Não perca a continuação de ENTRE GREGOS E TROIANOS, reportagem especial do AGECOM.
Aristides argumenta que ”vivemos em uma cultura onde o suporte do vídeo e das imagens é mais predominante que o do livro, devido ao processo de descaso da sensibilidade promovida pela educação brasileira, onde o aluno vê um livro didático como perca de tempo, minimizando o espaço que a literatura ocupa na vida das pessoas. Basta sair na rua e perguntar: Quantos livros você lê por ano? A decepção vem em instantes. Enquanto a população se debruçar nos "BBBs" e "Gugus", a leitura será prática minoritária”, conclui.
Há ainda aqueles que pensam de maneira oposta, encarando o espaço que a literatura ocupa na sociedade contemporânea como algo “absolutamente relativo a cada indivíduo.” É o que você verá na continuação desta reportagem.
Será que é preciso saber “ler literatura” para vivenciá-la integralmente? Qual a melhor forma de alcançar o feedback entre autor-leitor? É possível alcançar uma espécie de "escrita democrática" acessível para todos os leitores? Não perca a continuação de ENTRE GREGOS E TROIANOS, reportagem especial do AGECOM.
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