mara.vanessa777@gmail.com - Crônica (tema: vida acadêmica)
Quero compartilhar com vocês a história do Juca, um amigo meu.
Com o encerramento do período letivo, os corredores acadêmicos ficam isolados e entregues à própria sorte (tenho minhas dúvidas se a última alternativa não reflete o verdadeiro estado das coisas). O ritmo intenso e frenético do meio universitário é substituído por exames finais, entrega de históricos acadêmicos, devolução de livros à biblioteca, matrículas e toda a papelada burocrática que o período exige.
Joaquim Gonçalves da Silva, o Juca, era um rapaz aplicado. Morava em um dos subúrbios da cidade e trabalhava de 8:00 às 18:00 horas (19:00 horas em dia de muita movimentação) no comércio local. Aplicava todo o salário (R$ 465,00) na mensalidade da faculdade. Depois de muitos investimentos, idas e vindas, Juca conseguiu transferir o curso para uma universidade pública. Imaginou que as coisas fossem ser diferentes, afinal de contas, não precisaria estar no meio de tanta ostentação, tanta megalomania e seus derivados.
No primeiro mês, tudo parecia ter se concretizado; o maior sonho de Juca estava ali, às vistas: estudar com pessoas ativas, mente aberta e dispostas a mudar o mundo (revolucionários, CHE!). Passaram-se os dias e Juca decidiu que estava na hora de investir em uma Iniciação Científica - incrementaria o currículo e desenvolveria pesquisas na área que mais lhe apetecia. O jovem estudante bateu de porta em porta nos gabinetes universitários, procurando incansavelmente um orientador. Depois de um dia inteiro pedindo e requisitando, conseguiu conversar com o Senhor X., conhecido catedrático daquela IES.
Senhor X. foi gentileza em pessoa e, sem titubear, consentiu em ser orientador de Juca. Mas como o tempo é o senhor de todos os destinos, meu pobre amigo Juca se viu preso em um turbilhão de contradições: Senhor X. estava sempre ocupado, viajando pelo país à fora para concluir teses e publicações; o trabalho protocolar dos funcionários da Universidade era moroso, caótico e superficial (a cultura da má vontade que impera nos serviços públicos) e os amigos revolucionários... Bom, estes se arranjaram em excelentes cargos comissionados, esquecendo em uma gaveta qualquer a insígnia de agitadores sociais.
Quanto ao meu amigo, abandonou de vez o apelido (entre íntimos e desconhecidos), e passou a ser chamado de Joaquim. Conseguiu se formar; passou para um grande cargo público e mudou novamente o nome. Agora é o Dr. Joaquim Gonçalves. Faz muito tempo que não nos vemos. Soube, por alto, que casou com uma loiraça meio ''porta'' e não tem filhos. Não que ele não queira - é um cara família, ou pelo menos era -, mas acho que a companhia, ministrada com um pouco de realidade, o moldaram assim, diferente.
A vida acadêmica pode ser isso mesmo: pura cicuta.
Com o encerramento do período letivo, os corredores acadêmicos ficam isolados e entregues à própria sorte (tenho minhas dúvidas se a última alternativa não reflete o verdadeiro estado das coisas). O ritmo intenso e frenético do meio universitário é substituído por exames finais, entrega de históricos acadêmicos, devolução de livros à biblioteca, matrículas e toda a papelada burocrática que o período exige.
Joaquim Gonçalves da Silva, o Juca, era um rapaz aplicado. Morava em um dos subúrbios da cidade e trabalhava de 8:00 às 18:00 horas (19:00 horas em dia de muita movimentação) no comércio local. Aplicava todo o salário (R$ 465,00) na mensalidade da faculdade. Depois de muitos investimentos, idas e vindas, Juca conseguiu transferir o curso para uma universidade pública. Imaginou que as coisas fossem ser diferentes, afinal de contas, não precisaria estar no meio de tanta ostentação, tanta megalomania e seus derivados.
No primeiro mês, tudo parecia ter se concretizado; o maior sonho de Juca estava ali, às vistas: estudar com pessoas ativas, mente aberta e dispostas a mudar o mundo (revolucionários, CHE!). Passaram-se os dias e Juca decidiu que estava na hora de investir em uma Iniciação Científica - incrementaria o currículo e desenvolveria pesquisas na área que mais lhe apetecia. O jovem estudante bateu de porta em porta nos gabinetes universitários, procurando incansavelmente um orientador. Depois de um dia inteiro pedindo e requisitando, conseguiu conversar com o Senhor X., conhecido catedrático daquela IES.
Senhor X. foi gentileza em pessoa e, sem titubear, consentiu em ser orientador de Juca. Mas como o tempo é o senhor de todos os destinos, meu pobre amigo Juca se viu preso em um turbilhão de contradições: Senhor X. estava sempre ocupado, viajando pelo país à fora para concluir teses e publicações; o trabalho protocolar dos funcionários da Universidade era moroso, caótico e superficial (a cultura da má vontade que impera nos serviços públicos) e os amigos revolucionários... Bom, estes se arranjaram em excelentes cargos comissionados, esquecendo em uma gaveta qualquer a insígnia de agitadores sociais.
Quanto ao meu amigo, abandonou de vez o apelido (entre íntimos e desconhecidos), e passou a ser chamado de Joaquim. Conseguiu se formar; passou para um grande cargo público e mudou novamente o nome. Agora é o Dr. Joaquim Gonçalves. Faz muito tempo que não nos vemos. Soube, por alto, que casou com uma loiraça meio ''porta'' e não tem filhos. Não que ele não queira - é um cara família, ou pelo menos era -, mas acho que a companhia, ministrada com um pouco de realidade, o moldaram assim, diferente.
A vida acadêmica pode ser isso mesmo: pura cicuta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário