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Cuidar de animais, cultivar plantas e usar chinelão de dedo. Saiba agora quem é o pai do Death Metal
Lenda, mito, gênio e “pai do death metal”. Eis alguns dos atributos que o músico norte-americano Chuck Schuldiner conserva até hoje, nove anos após sua morte em consequência de um raro tumor cerebral. As gerações mais novas devem estar se perguntando: Chuck o que? Quem foi, o que fez e por que ele é tão especial?
No começo da década de 1980, Charles Michael Schuldiner, mas conhecido como Chuck, era um adolescente comum, que gostava de tocar guitarra, se divertir com os amigos e frequentar shows de bandas de Heavy Metal e Rock n’ Roll. Neste período, o estilo conhecido como Thrash Metal crescia exponencialmente na Bay Area, região que compreende a baía de São Francisco, localizada no estado da Califórnia, Estados Unidos. Esse crescimento elevou o status da música pesada, espalhando-a pelos quatro cantos do planeta. Foi com esse estímulo que Chuck Schuldiner, aos 16 anos, decidiu alavancar sua banda, pois já era tempo de sair da garagem de casa e das festas escolares para conquistar outros espaços.
E foi este o pontapé inicial para a carreira musical de Chuck e de sua banda Death, um dos maiores ícones da música pesada de todos os tempos. O passo maior foi dado com o lançamento, em 1987, do debut Scream Bloody Gore, considerado um clássico na história do gênero musical, por apresentar uma roupagem sonora completamente diferente do que se escutava na época, com técnicas de guitarra complexas e bem trabalhadas, vocais guturais predominantes e a parceria entre som e letra que beirava a perfeição.
O resto é história. A cada novo lançamento, o Death se consagrava cada vez mais, ajudando a criar um novo estilo dentro do heavy metal. Além disso, o grau de influência do guitarrista e vocalista Chuck Schuldiner quadruplicava. A cada novo lançamento, os fãs, músicos, bandas e a crítica especializada entravam em combustão. Essa parte é puro registro biográfico. O que pouca gente sabe é que o proeminente músico norte-americano era um cara pacato, extremamente ligado à família, exímio cozinheiro e que gostava de animais, de jardinagem e de estar em contato com a natureza.
“Chuck disse muitas vezes que, se ele não fosse um músico, ele seria um veterinário ou um cozinheiro. Ele amava animais e era um defensor deles. Além disso, Chuck realmente amava cozinhar e, algumas vezes, ele criava suas próprias receitas. Nós todos adorávamos comer na casa dele, não importando se era um piquenique ou um jantar dentro de casa”, afirma Jane Schuldiner, mãe do músico.
Segundo ela, Chuck preservava a interação familiar na hora das refeições. “Na casa dele, nós não comíamos em frente à televisão. Outro detalhe curioso é que a mesa era posta com louça de verdade, sem pratos de papel, hábito comum em muitos lares norte-americanos”, afirma.
Ao lado da filha Bethann e do sobrinho Christopher (errata: neto), Jane Schuldiner tem zelado pelo legado do músico. E essa aproximação não vem de hoje. Desde o início, Chuck teve total apoio dos pais na hora de escolher os rumos profissionais e pessoais de sua vida. “Eu nunca tive problemas com nenhum dos meus filhos [Chuck tinha dois irmãos, e o mais velho faleceu aos 16 anos, vítima de acidente de carro]. Chuck e seus irmãos permaneceram verdadeiros com eles mesmos e conosco, seus pais. Nós sempre tivemos muito orgulho deles”, revela a senhora Schuldiner.
No começo da década de 1980, Charles Michael Schuldiner, mas conhecido como Chuck, era um adolescente comum, que gostava de tocar guitarra, se divertir com os amigos e frequentar shows de bandas de Heavy Metal e Rock n’ Roll. Neste período, o estilo conhecido como Thrash Metal crescia exponencialmente na Bay Area, região que compreende a baía de São Francisco, localizada no estado da Califórnia, Estados Unidos. Esse crescimento elevou o status da música pesada, espalhando-a pelos quatro cantos do planeta. Foi com esse estímulo que Chuck Schuldiner, aos 16 anos, decidiu alavancar sua banda, pois já era tempo de sair da garagem de casa e das festas escolares para conquistar outros espaços.
E foi este o pontapé inicial para a carreira musical de Chuck e de sua banda Death, um dos maiores ícones da música pesada de todos os tempos. O passo maior foi dado com o lançamento, em 1987, do debut Scream Bloody Gore, considerado um clássico na história do gênero musical, por apresentar uma roupagem sonora completamente diferente do que se escutava na época, com técnicas de guitarra complexas e bem trabalhadas, vocais guturais predominantes e a parceria entre som e letra que beirava a perfeição.
O resto é história. A cada novo lançamento, o Death se consagrava cada vez mais, ajudando a criar um novo estilo dentro do heavy metal. Além disso, o grau de influência do guitarrista e vocalista Chuck Schuldiner quadruplicava. A cada novo lançamento, os fãs, músicos, bandas e a crítica especializada entravam em combustão. Essa parte é puro registro biográfico. O que pouca gente sabe é que o proeminente músico norte-americano era um cara pacato, extremamente ligado à família, exímio cozinheiro e que gostava de animais, de jardinagem e de estar em contato com a natureza.
“Chuck disse muitas vezes que, se ele não fosse um músico, ele seria um veterinário ou um cozinheiro. Ele amava animais e era um defensor deles. Além disso, Chuck realmente amava cozinhar e, algumas vezes, ele criava suas próprias receitas. Nós todos adorávamos comer na casa dele, não importando se era um piquenique ou um jantar dentro de casa”, afirma Jane Schuldiner, mãe do músico.
Segundo ela, Chuck preservava a interação familiar na hora das refeições. “Na casa dele, nós não comíamos em frente à televisão. Outro detalhe curioso é que a mesa era posta com louça de verdade, sem pratos de papel, hábito comum em muitos lares norte-americanos”, afirma.
Ao lado da filha Bethann e do sobrinho Christopher (errata: neto), Jane Schuldiner tem zelado pelo legado do músico. E essa aproximação não vem de hoje. Desde o início, Chuck teve total apoio dos pais na hora de escolher os rumos profissionais e pessoais de sua vida. “Eu nunca tive problemas com nenhum dos meus filhos [Chuck tinha dois irmãos, e o mais velho faleceu aos 16 anos, vítima de acidente de carro]. Chuck e seus irmãos permaneceram verdadeiros com eles mesmos e conosco, seus pais. Nós sempre tivemos muito orgulho deles”, revela a senhora Schuldiner.
“Os cortes de cabelo e a música não definem quem as pessoas são”
Infelizmente, a imagem negativa dos ouvintes e músicos de heavy metal ainda existe e sempre existiu. A esse respeito, Jane Schuldiner ressalta: “Tenho recebido cartas de pais e de fãs discutindo a questão dos comportamentos no Heavy Metal. Não há comportamento ‘Heavy Metal’, apenas receio das pessoas e, como em qualquer área social, jovens que podem ocasionar ou não atitudes negativas. Os cortes de cabelo e a música não definem quem as pessoas são”, diz. A mãe do guitarrista/vocalista do Death acrescenta que continua tentando provocar uma reflexão nos pais mais preocupados, dizendo a eles que “não se pode julgar as pessoas pela forma como elas se vestem ou pela música que ouvem”.
E foi este o caso de Chuk Schuldiner, que, mesmo estando inserido na música pesada, não gostava de ostentar nenhum visual característico ou postura extremista. Jane recorda que o vocalista e guitarrista do Death tinha o hábito de resgatar animais perdidos na rua, criava cães e gatos, e era apaixonado por férias na praia, colecionar antiguidades e cuidar do jardim (“ele tinha o melhor jardim da vizinhança”). A matriarca narra uma história engraçada a respeito do comportamento de Chuck quanto a rótulos: “Uma vez, um fã me contou que ele estava esperando Chuck descer do ônibus depois de um show, pois queria conversar com ele. Quando notou, o rapaz reparou que Chuck usava chinelos, e não os típicos coturnos e sapatos de couro pesado. O fã ficou totalmente surpreso, pois sentiu que isso não se encaixava na percepção de heavy metal que ele tinha. Chuck detestava rótulos”, afirma.
Apesar de não ser adepto de correntes religiosas, Chuck acreditava na conexão entre o homem e a natureza, e fundamentava a ideia de que as pessoas devem fazer coisas boas, dignas, honradas, sem prejudicar o próximo. Sobre esse detalhe, a senhora Schuldiner conta que, quando o filho esteve doente e internado, vários pastores o questionaram sobre essa questão, e ele respondia apenas que era uma pessoa espiritual, que buscava viver como acreditava, com muitos amigos e razões.
Além da paixão pela música, Chuck Schuldiner era um ávido leitor. Na sua lista de livros estavam incluídas biografias de suas bandas favoritas e também alguns livros que ele guardava na cabeceira da cama. Seus autores preferidos eram Joseph Murphy, Leo Buscaglia, James Herriot, Caroline Knapp, Aristóteles, Sócrates, Nietzsche e Steven Baker. Ele e a mãe costumavam “conversar sobre a vida e tudo o que ela significava, assim como conceitos sobre eventos globais, fome, guerra. Ele queria fazer a diferença. Na verdade, Chuck era um filósofo, um pensador, um questionador, um escritor”, revela, emocionada, a mãe do músico.
E foi este o caso de Chuk Schuldiner, que, mesmo estando inserido na música pesada, não gostava de ostentar nenhum visual característico ou postura extremista. Jane recorda que o vocalista e guitarrista do Death tinha o hábito de resgatar animais perdidos na rua, criava cães e gatos, e era apaixonado por férias na praia, colecionar antiguidades e cuidar do jardim (“ele tinha o melhor jardim da vizinhança”). A matriarca narra uma história engraçada a respeito do comportamento de Chuck quanto a rótulos: “Uma vez, um fã me contou que ele estava esperando Chuck descer do ônibus depois de um show, pois queria conversar com ele. Quando notou, o rapaz reparou que Chuck usava chinelos, e não os típicos coturnos e sapatos de couro pesado. O fã ficou totalmente surpreso, pois sentiu que isso não se encaixava na percepção de heavy metal que ele tinha. Chuck detestava rótulos”, afirma.
Apesar de não ser adepto de correntes religiosas, Chuck acreditava na conexão entre o homem e a natureza, e fundamentava a ideia de que as pessoas devem fazer coisas boas, dignas, honradas, sem prejudicar o próximo. Sobre esse detalhe, a senhora Schuldiner conta que, quando o filho esteve doente e internado, vários pastores o questionaram sobre essa questão, e ele respondia apenas que era uma pessoa espiritual, que buscava viver como acreditava, com muitos amigos e razões.
Além da paixão pela música, Chuck Schuldiner era um ávido leitor. Na sua lista de livros estavam incluídas biografias de suas bandas favoritas e também alguns livros que ele guardava na cabeceira da cama. Seus autores preferidos eram Joseph Murphy, Leo Buscaglia, James Herriot, Caroline Knapp, Aristóteles, Sócrates, Nietzsche e Steven Baker. Ele e a mãe costumavam “conversar sobre a vida e tudo o que ela significava, assim como conceitos sobre eventos globais, fome, guerra. Ele queria fazer a diferença. Na verdade, Chuck era um filósofo, um pensador, um questionador, um escritor”, revela, emocionada, a mãe do músico.
Fãs mantêm o legado de Chuck Schuldiner vivo
Hoje, quase uma década após a morte de Chuck, muitos fãs continuam escrevendo para a família Schuldiner. “Eles falam sobre como as letras e músicas do Death os ajudaram a superar questões decisivas de vida. Muitos disseram que as letras do Death e do Control Denied lhes deram esperança e inspiração, e, algumas vezes, até a força de vontade para viver. Essas letras nunca estarão fora de moda enquanto as pessoas precisarem de esperança, e de alguém como Chuck, que viveu suas próprias tragédias, escrevendo sobre elas, contando a eles o que aprendeu”, afirma Jane Schuldiner.
A mãe ainda revela que, não importa a geração à qual pertençam, os fãs continuam unidos pela música. “Um professor costuma usar algumas das letras de Chuck em suas aulas de literatura. Existem fãs que se tornaram advogados, juízes e professores, por exemplo, e eles me dizem que a letras de Chuck foram sua inspiração”, enfatiza.
Jane Schuldiner continua recebendo o carinho dos fãs. “Um fã do outro lado do oceano escreveu para mim em 2001 e disse que eu deveria sempre lembrar que não estou sozinha, que tenho filhos ao redor de todo o globo. Eu nunca vou esquecer isso e realmente sinto com se tivesse. Eu me correspondo com muitos fãs desde os anos 90. Esse relacionamento, essa conexão com os fãs significa muito para mim, é reconfortante”, revela. Em relação ao público brasileiro, Jane revela que recebe muitos e-mails do Brasil e que está muito agradecida pelo carinho e lealdade que os headbangers brasileiros têm demonstrado à memória de Chuck. Ela manda um recado: Eu quero que saibam que vocês têm tornado o tempo mais suportável desde 2001, ano de falecimento do meu filho, ao escrever durantes esses tempos difíceis, tanto no aniversário dele, em 13 de Maio, como na data de sua morte, em 13 de Dezembro. Vocês têm sido um conforto durante a pior época da minha vida e eu tenho um profundo apreço por todos. Muito obrigada”, finaliza.
“Chuck era único e muito genuíno”
O guitarrista Shannon Hamm e o baixista Scott Clendenin estiverem presentes na formação do Death e do Control Denied, as duas bandas capitaneadas por Chuck Schuldiner. Mais do que música, havia e ainda há um sentimento de amizade que ultrapassa tempos, silêncios e ausências.
“Não há palavras para descrever o Chuck, a influência que ele teve ou a que continuará a ter pelos anos que seguirão. Ele era único e muito genuíno. Ele sempre queria que todos ao seu redor se sentissem bem, tratando qualquer pessoa com respeito, independente de sua situação ou circunstância. Chuck Schuldiner era simplesmente o ser humano mais sensato e gentil que eu já conheci. Eu acho que as palavras e a música dele continuam fortes o suficiente para que as pessoas compreendam isso sem que nada seja dito”, afirma Shannon Hamm.
Para o guitarrista, fazer parte do Death e do Control Denied foi uma experiência enriquecedora. “Eu poderia escrever um livro inteiro sobre essa única questão. Ser membro de uma banda influente era o ponto alto em minha vida. Quando Chuck ficou doente, foi como um sonho se tornando pesadelo, pois eu fui testemunhando a queda de uma alma tão notável, e não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer para ajudar. Eu poderia continuar eternamente tentando explicar tudo o que eu aprendi com o Chuck, seja como músico ou como pessoa. Para mim, Chuck Schuldiner era mais do que um amigo, ele era um irmão”, revela.
Shannon Hamm afirma guardar uma carta do companheiro de banda, onde ele descreve seus últimos pedidos. “Eu guardo a carta final que ele me escreveu a sete chaves. Esta carta explica em detalhes todo o álbum, títulos, ordem, assim como seus desejos finais. Eu nunca estarei em paz até que estes últimos pedidos sejam cumpridos. Depois de esperar ansiosamente pela finalização e lançamento da obra-prima final de Chuck por quase uma década, eu ainda posso dizer com total confiança que eu continuarei de pé contra qualquer coisa no mercado de hoje. O trabalho de um verdadeiro gênio nunca se torna obsoleto e o espírito de Chuck ainda tem muito o que dizer”, arremata.
O mesmo sentimento pode ser observado no baixista Scott Clendenin, que relembra aquele período da vida como “uma excelente fase”. “Chuck e eu costumávamos sair nos primeiros tempos, mais do que os outros caras. Nós íamos muito a Orlando. Ele era muito respeitoso com os outros e gentil com todos ao redor. Nós trocamos muitas experiências juntos indo a festas, boates, caçando mulheres. Éramos ‘irmãos do Metal’, e eu sinto saudades da minha amizade com Chuck. Eu acho que há uma lição nesse tempo e ela está relacionada sobre como os músicos se tornam próximos quando trabalham juntos. Há um companheirismo um pouco mais profundo do que o de simples colegas de trabalho”, finaliza Clendenin.
Para o fã polonês Zoltar, autor do mais recente tributo virtual ao legado de Chuck Schuldiner, o mentor da banda Death é “um herói guitarrista e compositor. Ele me inspirou a pegar uma guitarra e aprender a tocar. Meu sonho era apenas subir no palco e tocar guitarra e isso se tornou realidade. A música do Death continua viva porque, em 10 anos, nada realmente mudou na forma de tocar Death Metal. Chuck era um bom compositor e é por esse motivo que sua música continua e sempre estará viva, como a música de Beethoven, Morzart, Chopin, Vivaldi e etc, pois mesmo depois de milhares de anos, as pessoas continuam adorando”, afirma.
O baterista piauiense Rafael Marques declara que Chuck Schuldiner “pode ser considerado um dos gênios musicais que passaram pela década de 80 e 90, pois a produtividade e qualidade do trabalho dele são sobrenaturais, fora que ele soube montar ‘dream team’ do Metal”. Rafael finaliza com uma afirmativa que 99% dos headbangers espalhados pelo planeta gostariam de dizer: “Chuckão sabia extrair toda a capacidade criativa dos músicos que o cercavam. A entrada das estruturas de jazz no som do Death é o grande salto técnico da banda. Chuck Schuldiner foi um gênio da música, seu trabalho magnífico serve como norte para os músicos”, conclui.
Matéria veiculada no jornal O Dia, edição do dia 29 de maio de 2010.
Matéria veiculada no jornal O Dia, edição do dia 29 de maio de 2010.
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