sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Fenômeno das Celebridades" será tema da palestra de Vanessa Campos na V Semana Comceut


          A jornalista Vanessa Campos é uma das palestrantes da V Semana ComCeut com o tema ‘Aventura de uma jornalista na caça de celebridades’. Com passagens por vários veículos de comunicação nacionais, como a Folha de São Paulo, Elle, Capricho e Contigo, é formada pela PUC – RJ e possui Mestrado sobre o fenômeno Xuxa. Em entrevista para o Blog da AGECOM, Vanessa Campos nos conta sobre sua carreira, a Xuxa e o fenômeno das celebridades.


AGECOM - Vanessa, de onde partiu o interesse de especializar-se em celebridades?
Na verdade, quando eu cursava jornalismo na PUC-Rio, não tinha nenhum interesse em celebridades. Eu queria mesmo era escrever sobre cultura no segundo caderno do Jornal do Brasil, um dos jornais de maior prestigio da década de 80 no Rio de Janeiro. Mas eu sempre gostei de ver televisão e sempre li revista de celebridades desde pequena. Quando fui trabalhar na Folha de São Paulo na década de 90, fui contratada como redatora da revista semanal deles, a D', cuja redação ficava junta com o TV Folha. Toda vez que surgia qualquer menção sobre o tema televisão e celebridades televisivas nas reuniões de pauta, eu era a única que sabia o nome dos programas e dos artistas. Porque eu era a única que via e gostava de televisão. Ou a única que tinha coragem de assumir que gostava de televisão. Claro que acabei saindo da D' e indo para o TV Folha. Depois disto, acabei me especializando em televisão e celebridades.


AGECOM- Por quais veículos você já passou atuando como jornalista de celebridades?
Já no primeiro veículo que trabalhei, o jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, apesar de ser repórter de geral e de política, fiz algumas matérias com celebridades. Depois trabalhei no TV Folha (revista semanal de televisão da Folha de São Paulo) e nas revistas Interview, Amiga, Paola, Conta Mais e Contigo. Fiz free-lancers para as revistas Elle, Chiques e Famosos, Tititi e Capricho.


AGECOM- Muitas vezes, matérias sobre a vida, escândalos, casamentos ou divóricos de celebridades são mais lidas e comentadas pelos brasileiros do que por exemplo, decisões no Senado Federal. Como jornalista, como você avalia trabalhar nesta área que é tão criticada por muitos outros jornalistas, por creditarem como fofoca, futilidade, mas que ao mesmo tempo possui uma popularidade imensa no Brasil?
Excelente pergunta. Quando eu trabalhava como jornalista de celebridades sempre me impressionava não ter nenhum prêmio jornalístico para este segmento. Porque o trabalho do jornalista é o mesmo: procurar histórias que emocionem, sejam impactantes e informem as pessoas. Não há prêmio Esso para quem faz jornalismo de celebridades, nem se for o furo do ano ou a entrevista mais reveladora do mundo. Apesar da falta de reconhecimento, o jornalismo de celebridade no Brasil consegue muitas vezes superar o chamado jornalismo sério. Cito dois acontecimentos. O primeiro é o assassinato da atriz Daniella Perez que suplantou o fato do presidente Fernando Collor ter sofrido o impeachment em dezembro de 1992. O segundo foi o nascimento da filha da Xuxa Meneghel, a Sasha, em 28 de julho de 1998, que mereceu dez minutos do Jornal Nacional da Rede Globo, mais do que os quatro minutos e meio dedicados à privatização da Telebrás. O que teve mais impacto na história do Brasil: a morte de Daniella e o nascimento de Sasha ou o impeachment de um presidente e a privatização do sistema de telecomunicações?


AGECOM- Na sua dissertação de mestrado, você teve como objeto de estudo a Xuxa. O que a levou a escolher essa personagem especificamente?
Eu fui durante algum tempo setorista da Xuxa Meneghel. Explico: setorista é o jornalista encarregado de um segmento na pauta. Na divisão das celebridades, fui setorista de Xuxa, Vera Fischer, Deborah Secco, Roberto Carlos, Murilo Benício e José Mayer. Ou seja, eram artistas que eu precisava acompanhar a vida de perto. No caso da Xuxa, por exemplo, eu ligava diariamente para a assessoria de imprensa dela e ia a todos os eventos que ela participava no Rio de Janeiro e alguns fora da cidade. Quando procurei a celebridade mais perfeita para ser o meu tema de pesquisa, não tive dúvidas que seria a Xuxa, um dos maiores ídolos do Brasil. Que, ainda por cima, namorou dois ídolos brasileiros: Pelé e Ayrton Senna. E ela é um tema fascinante de pesquisa.


AGECOM- Na sua visão, qual a importância de debatermos durante a Semana de Comunicação a espetacularização de pessoas e fatos da sociedade nos dias atuais?
A espetacularização da vida, muito mais do que as pessoas e acontecimentos, é uma tema que já é tema da Academia nos dias atuais. O que prova a sua importância no contemporâneo. Quando Guy Débord escreveu a Sociedade do Espetáculo, na década de 60, ninguém poderia imaginar até que ponto a sociedade do espetáculo seria um fenômeno tão presente quase cinquenta anos depois. Porque para o espetáculo ser bem sucedido, ele precisa ter público. E nunca tivemos tantos meios de comunicação para promover o espetáculo. Gosto de associar a teoria de Débord com a célebre frase do artista plástico Andy Warhol que profetizou em 1968 que "no futuro, todo mundo será famoso por quinze minutos". E a sociedade do espetáculo proporciona esta fama instantânea. Só pra citar exemplos recentes, temos a Luiza que estava no Canadá e virou febre na Internet no início deste ano, e o vídeo do bar mitzvá do Nissim Ourfali em agosto. A celebridade parece ao alcance de todos com o YouTube e o Facebook só para citar duas ferramentas da Internet. Isto precisa ser debatido, estudado e pesquisado nas universidades do Brasil.

Fotos: Arquivo pessoal

Texto: Mara Dallena - Ascom Semana Comceut

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