mara.vanessa777@gmail.com - Jornal O Dia (caderno Torquarto - Coluna De Boa)
Fotos: Succubus Kalls - Divulgação
Elas trocaram os trajes de balé por uma “roupa de funeral” e a sapatilha por uma guitarra
“O que é isso, minha filha? Que barulho todo é esse? Vai sair com roupa de funeral?”. Essas foram as primeiras perguntas que Natália, 18, escutou da família quando começou a mudar seu estilo musical, há 5 anos atrás. Como muitos adolescentes e jovens, Natália se identificou com os riffs pesados, bateria rápida, vocais rasgados e visual diferenciado do Immortal, banda norueguesa de black metal, vertente musical que ficou conhecida por pregar o satanismo em suas letras. A paixão pela música pesada fez com que Natália aprendesse a tocar guitarra, baixo e bateria, para desespero dos pais, que sonhavam em ter uma bailarina com tendência à música clássica. “Meus pais estavam acostumados ao tipo ‘princesinha de contos de fadas’, com quarto cor-de-rosa e cheio bonecas. Hoje, eles têm que lidar com minhas opções, com meu novo jeito de encarar as coisas”, afirma a jovem, que está no segundo ano da faculdade de Jornalismo.
Mas Natália não está sozinha. O número de mulheres que escutam, participam e se envolvem com música pesada aumenta cada vez mais, conquistando reconhecimento e produzindo material de qualidade. É o caso da carioca Maria Fernanda, 25 anos, guitarrista das bandas Impacto Profano e Belial War e responsável pela assessoria de imprensa da produtora Mysterian Art [especializada em produções e mídia para bandas de metal]. Conhecida como Succubus Kalls, a musicista já tocou em outras bandas, sempre militando diretamente na cena, produzindo shows, escrevendo resenhas e trabalhando no apoio do espaço underground. Nas duas bandas em que toca, Kalls executa riffs que vão de encontro ao gênero rotulado como black metal.
Considerado um subgênero ‘sombrio’ e ‘agourento’, o black metal ainda sofre estigmas e mitificações, sendo associado ao satanismo, radicalismo e negativismo. Carregado de símbolos e ideologia, esse estilo tem evoluído bastante desde a sua criação, no início dos anos 1980. De temas pagãos e nórdicos, a música negra [como é conhecida] vem buscando outras fontes de inspiração e hoje é utilizada para criticar sistemas político/religiosos dominantes com ideologia combativa. E mesmo de forma tímida, a figura feminina tem marcado presença em um grupo majoritariamente masculino. Além de Succubus Kalls, o Brasil conta com a força e talento indiscutível da guitarrista Lady of Blood (banda Ocultan) e de Larakna, guitarrista do Luxúria de Lilith. Isso só para exemplificar.
Succubus acredita que cenário atual é muito rico e conta com bandas de excelente qualidade, que vêm desenvolvendo a parte musical e também a produção de uma forma geral de maneira muito profissional. Segundo ela, a possibilidade de gravar em casa e ter resultados de qualidade é bem maior do que há alguns anos, e o surgimento de recursos como MySpace e Twitter diminuiu a distância entre o artista e seu espectador/ouvinte/fã.
“Aqui no Rio de Janeiro temos não apenas ótimas bandas de black metal, como Berkaial, assim como de outras vertentes do metal, como Lacerated and Carbonized, Dark Tower e Inner Shadows, dentre inúmeros bons representantes”, afirma Succubus Kalls.
Otimista, a guitarrista e produtora acredita que “talvez o que falte para que mais mulheres se identifiquem com o heavy metal é que todas aquelas que já gostam do estilo apareçam. Apesar de o público de heavy metal (principalmente dentro do metal extremo) ainda ser majoritariamente masculino, a presença feminina em eventos do estilo - em cima do palco ou na plateia - é cada vez maior. Também percebo muitas mulheres se envolvendo com assessoria de imprensa, empresariamento e produção de eventos. Acho que o caminho é esse”, pontua.
Outro grande mito que envolve a relação metal extremo X mulher é a associação de corpse paint [pintura facial em preto e branco], coturnos, correntes e artefatos bélicos [alguns dos componentes visuais do Black metal] à perda da feminilidade, fazendo com que as musicistas assumam posturas mais másculas. Succubus Kalls entende isso como ‘um mito urbano’. “Tudo depende do que é usado e como é usado. Não tenho a menor intenção de impor manual de moda pra ninguém”, argumenta.
Atitudes assim tem sido um diferencial para o Heavy Metal, no sentido de
desmistificar preconceitos e provar que existe espaço e oportunidades para todos, sem distinção. Unindo criatividade, garra, competência e beleza, a mulher tem escrito sua própria história. Para as garotas que curtem metal e que estão lendo esta matéria, a guitarrista Succubus Kalls deixa um recado: não esperem nem mais um segundo e peguem uma guitarra, um baixo ou uma bateria e vão TOCAR!
Mas Natália não está sozinha. O número de mulheres que escutam, participam e se envolvem com música pesada aumenta cada vez mais, conquistando reconhecimento e produzindo material de qualidade. É o caso da carioca Maria Fernanda, 25 anos, guitarrista das bandas Impacto Profano e Belial War e responsável pela assessoria de imprensa da produtora Mysterian Art [especializada em produções e mídia para bandas de metal]. Conhecida como Succubus Kalls, a musicista já tocou em outras bandas, sempre militando diretamente na cena, produzindo shows, escrevendo resenhas e trabalhando no apoio do espaço underground. Nas duas bandas em que toca, Kalls executa riffs que vão de encontro ao gênero rotulado como black metal.
Considerado um subgênero ‘sombrio’ e ‘agourento’, o black metal ainda sofre estigmas e mitificações, sendo associado ao satanismo, radicalismo e negativismo. Carregado de símbolos e ideologia, esse estilo tem evoluído bastante desde a sua criação, no início dos anos 1980. De temas pagãos e nórdicos, a música negra [como é conhecida] vem buscando outras fontes de inspiração e hoje é utilizada para criticar sistemas político/religiosos dominantes com ideologia combativa. E mesmo de forma tímida, a figura feminina tem marcado presença em um grupo majoritariamente masculino. Além de Succubus Kalls, o Brasil conta com a força e talento indiscutível da guitarrista Lady of Blood (banda Ocultan) e de Larakna, guitarrista do Luxúria de Lilith. Isso só para exemplificar.
Succubus acredita que cenário atual é muito rico e conta com bandas de excelente qualidade, que vêm desenvolvendo a parte musical e também a produção de uma forma geral de maneira muito profissional. Segundo ela, a possibilidade de gravar em casa e ter resultados de qualidade é bem maior do que há alguns anos, e o surgimento de recursos como MySpace e Twitter diminuiu a distância entre o artista e seu espectador/ouvinte/fã.
“Aqui no Rio de Janeiro temos não apenas ótimas bandas de black metal, como Berkaial, assim como de outras vertentes do metal, como Lacerated and Carbonized, Dark Tower e Inner Shadows, dentre inúmeros bons representantes”, afirma Succubus Kalls.
Otimista, a guitarrista e produtora acredita que “talvez o que falte para que mais mulheres se identifiquem com o heavy metal é que todas aquelas que já gostam do estilo apareçam. Apesar de o público de heavy metal (principalmente dentro do metal extremo) ainda ser majoritariamente masculino, a presença feminina em eventos do estilo - em cima do palco ou na plateia - é cada vez maior. Também percebo muitas mulheres se envolvendo com assessoria de imprensa, empresariamento e produção de eventos. Acho que o caminho é esse”, pontua.
Outro grande mito que envolve a relação metal extremo X mulher é a associação de corpse paint [pintura facial em preto e branco], coturnos, correntes e artefatos bélicos [alguns dos componentes visuais do Black metal] à perda da feminilidade, fazendo com que as musicistas assumam posturas mais másculas. Succubus Kalls entende isso como ‘um mito urbano’. “Tudo depende do que é usado e como é usado. Não tenho a menor intenção de impor manual de moda pra ninguém”, argumenta.
Atitudes assim tem sido um diferencial para o Heavy Metal, no sentido de
* Matéria veiculada na edição do dia 13 de março de 2010, sábado, no jornal O Dia.
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