Por: Mara Vanessa - 5° período - Jornalismo
mara.vanessa777@gmail.com - AGECOM
Diretamente da Suécia, um dos mais vociferados nomes do Death Metal vem disseminando todo o peso e brutalidade dentro do estilo que o consagrou. Após mudanças na formação (como quase sempre acontece quando você tem mais de 20 anos de estrada), o Dismember tem provado que sabe exatamente o que é e o que faz. O baixista Tobias Cristiansson usou palavras diretas e objetivas para expressar opiniões, desmentir algumas pseudo-afirmações e confirmar uma futura pausa da banda quando o assunto for viagens longas e exaustivas.
Que importância vocês atribuem ao nome Dismember dentro da cena Death Metal?
Tobias Cristiansson - O Dismember tem estado por perto quase desde o começo do Death Metal. Pelo menos a sua versão sueca. E para mim Dismember é Death Metal puro. Muitas bandas que tocam Death Metal hoje em dia não fazem isso certo, na minha opinião. Há muita moleza por aí. Eu suponho que o Death Metal tenha de ser brutal e um monte de bandas hoje são educadas demais. Então, eu acho que o Dismember permanece em algo que é sólido e também as pessoas que gostam da banda apreciam nós sermos como somos e não estarmos mudando o nosso estilo.
Tobias, em entrevista à edição alemã da Metal Hammer, você afirmou que o Heavy Metal é um estilo de vida, não existindo NADA fora desse espaço. Não considera essa visão um tanto limitada e simplória?
Tobias Cristiansson - Eu disse isso? Eu não lembro. Eu não acho que eu tenha dito que não havia nada além disso. Isto soa muito superficial quando você põe dessa forma. Para mim a música é o mais importante. Eu não gosto quando as pessoas estão nisso apenas pela aparência ou qualquer coisa. Eu tenho um sincero amor pelo Heavy Metal e a música é muito importante na minha vida. Eu posso ficar irritado quando as pessoas fazem pouco disso e não tratam o estilo de vida musical com respeito.
A música "Skin Her Alive" foi motivo de muita polêmica na época do seu lançamento (EP “Pieces”- 1992). Você acha que, atualmente, ela seria mais um clichê do cenário, sem impacto algum, devido à enorme quantidade de
material do gênero no mercado?
Tobias Cristiansson - “Skin Her Alive” foi lançada no álbum de estréia “Like And Everflowing” de 1991 e não “Pieces”. Mas sim, hoje tudo tem sido feito, pessoas sempre tentam expandir os limites e ver o quão longe você pode ir com as coisas em geral. Hoje você pode encontrar letras que são muito mais extremas do que “Skin Her Alive”. O vídeo de “Soon To Be Dead” foi banido pela MTV quando foi publicado, mas para mim este é um dos vídeos mais legais de Death Metal que eu já vi. Eu acho que hoje é difícil chocar porque nós temos visto de tudo.
Como os fãs têm recebido “Dismember” (2008)?
Tobias Cristiansson - As reações têm sido impressionantes. Nós estamos muito contentes com a forma como o álbum tem sido recebido pelos nossos fãs ao redor do mundo. Nós temos obtido excelentes reviews em quase todas as revistas. E um monte de gente quer ouvir o novo material quando nós tocamos ao vivo e isso é sempre divertido. Nós não sabíamos realmente o que esperar devido às várias mudanças na formação da banda desde a última vez, mas eu acho que a qualidade das músicas no novo álbum mostra que o Dismember continua apto a entregar um álbum infernal mesmo após vinte anos no negócio.
A realidade brasileira, em geral, é muito dura com aqueles que querem dedicar tempo integral à música. Fora algumas exceções, nem todos podem se dispor a viver exclusivamente como músicos. Após vinte anos de estrada, como você encara essa perspectiva dentro da sua realidade?
Tobias Cristiansson - Nós temos viajado bastante nos últimos cinco anos ou, então, alguns dentre nós têm tentado viver exclusivamente da música. Eu sempre tive um trabalho extra comigo, então eu trabalho de tempos em tempos quando nós não estamos viajando. Nós temos Matti (o vocalista), que tem filhos e precisa de mais dinheiro, é claro, para sustentar sua família. Então ele trabalha o máximo que pode quando está em casa. Mas após esse ano (2008), nós iremos parar com as viagens para que todos possam trabalhar em tempo integral. Alguns estão cansados de ficar viajando, então nós não o faremos mais como antes.
De todos os trabalhos gráficos dos álbuns do Dismember, qual você mais gosta?
Tobias Cristiansson - Eu gosto de muito de “Pieces”, pois toda a idéia por trás dessa capa é brilhante. Eu me lembro que, quando veio à tona, eu pensei que fosse uma das capas mais legais que eu já tinha visto na minha vida. Mas eu também gosto bastante da arte de capa do nosso último album. Ela é extremamente simples, mas muito efetiva, e o desenho é muito bem feito.
Não há um consenso sobre a origem do Heavy Metal. Você acha que a busca pela quebra de padrões, por exemplo, já é um conceito hipster para ser tido com um objetivo importante demais, se formos atribuir uma função social ao estilo?
Tobias Cris
tiansson - Você quer dizer que se for aceito, coloca isso em diferentes ângulos no contexto da música?
Sim.
Tobias Cristiansson - Bem, cada um tem o direito de fazer o que quiser com a própria música. Eu sou, por outro lado, uma pessoa bastante tradicional, então eu posso nem sempre gostar quando se mistura muitos estilos. Mas enquanto as letras seguirem, eu acho que você pode cantar qualquer coisa que sinta ser importante. Por outro lado, eu não dou muita importância às letras.
Você acha que o line-up original define a essência da banda?
Tobias Cristiansson - O Dismember passou por muitas mudanças na formação em todos esses anos. Eu, por exemplo, sou o quarto baixista na banda e eu tenho estado com eles por mais de três anos. Mas eu posso dizer que o Dismember esteve tão bom quanto hoje em dia. Por exemplo, o nosso novo baterista, Thomas Daun, é excepcional, um baterista realmente muito bom. Mas eu acho que os antigos fãs sempre verão a primeira formação como a definitiva. E eu entendo isso perfeitamente, pois eu também sou assim com as bandas que gosto. Para mim, Janick Gers continua sendo o novo guitarrista do Iron Maiden. E olha que ele tem estado com eles desde 1989. (risos)
Como você vê o fato de dar entrevistas sempre respondendo às mesmas perguntas? Qual é a principal ausência na imprensa especializada na cena Metal?
Tobias Cristiansson - Algumas vezes pode ser entediante se as perguntas são mal feitas e você compreende que o entrevistador não sabe absolutamente nada sobre o som da banda. Mas eu posso dizer que esta entrevista está realmente muito boa, não fazendo apenas perguntas-padrão o tempo todo. Mas eu não tenho problemas com isso, compreendo que tenha de responder às mesmas questões sempre e sempre. Eu aceito isso.
Há algum tipo de tendência “de humor” na banda?
Tobias Cristiansson - Eu realmente não consigo entender o que você quer dizer com “tendência de humor”. Mas uma tendência na banda é o nosso mau humor. Eu acho que você precisa ter certo humor para agüentar todo o tédio que pode surgir quando se está viajando. Eu posso me tornar realmente estúpido depois de um instante. Eu quero dizer que não é bom para a idade mental viajar em uma van por dez horas por dia como nós fizemos quando viajarmos para o Canadá. Você deve tentar matar o tempo de alguma forma, e fazer piadas sem graça é uma forma de fazer isso.
Quer deixar algum recado para os leitores desta entrevista e fãs da banda? Caso sim, esteja à vontade.
Tobias Cristiansson - Antes de tudo, eu gostaria de agradecer a todos
os doidos e maníacos por Metal que estiveram nos shows na América do Sul e, é claro, a todos que foram à apresentação em São Paulo. Vocês são os melhores! Então, eu gostaria dizer obrigado a todos que têm apoiado o Dismember na cena Metal em geral. Continuem com o seu excelente trabalho. Obrigado!
Fonte: Entrevista publicada em dezembro de 2008 no Portal Novo Metal
mara.vanessa777@gmail.com - AGECOM
Diretamente da Suécia, um dos mais vociferados nomes do Death Metal vem disseminando todo o peso e brutalidade dentro do estilo que o consagrou. Após mudanças na formação (como quase sempre acontece quando você tem mais de 20 anos de estrada), o Dismember tem provado que sabe exatamente o que é e o que faz. O baixista Tobias Cristiansson usou palavras diretas e objetivas para expressar opiniões, desmentir algumas pseudo-afirmações e confirmar uma futura pausa da banda quando o assunto for viagens longas e exaustivas.
Que importância vocês atribuem ao nome Dismember dentro da cena Death Metal?
Tobias Cristiansson - O Dismember tem estado por perto quase desde o começo do Death Metal. Pelo menos a sua versão sueca. E para mim Dismember é Death Metal puro. Muitas bandas que tocam Death Metal hoje em dia não fazem isso certo, na minha opinião. Há muita moleza por aí. Eu suponho que o Death Metal tenha de ser brutal e um monte de bandas hoje são educadas demais. Então, eu acho que o Dismember permanece em algo que é sólido e também as pessoas que gostam da banda apreciam nós sermos como somos e não estarmos mudando o nosso estilo.
Tobias, em entrevista à edição alemã da Metal Hammer, você afirmou que o Heavy Metal é um estilo de vida, não existindo NADA fora desse espaço. Não considera essa visão um tanto limitada e simplória?
Tobias Cristiansson - Eu disse isso? Eu não lembro. Eu não acho que eu tenha dito que não havia nada além disso. Isto soa muito superficial quando você põe dessa forma. Para mim a música é o mais importante. Eu não gosto quando as pessoas estão nisso apenas pela aparência ou qualquer coisa. Eu tenho um sincero amor pelo Heavy Metal e a música é muito importante na minha vida. Eu posso ficar irritado quando as pessoas fazem pouco disso e não tratam o estilo de vida musical com respeito.
A música "Skin Her Alive" foi motivo de muita polêmica na época do seu lançamento (EP “Pieces”- 1992). Você acha que, atualmente, ela seria mais um clichê do cenário, sem impacto algum, devido à enorme quantidade de
Tobias Cristiansson - “Skin Her Alive” foi lançada no álbum de estréia “Like And Everflowing” de 1991 e não “Pieces”. Mas sim, hoje tudo tem sido feito, pessoas sempre tentam expandir os limites e ver o quão longe você pode ir com as coisas em geral. Hoje você pode encontrar letras que são muito mais extremas do que “Skin Her Alive”. O vídeo de “Soon To Be Dead” foi banido pela MTV quando foi publicado, mas para mim este é um dos vídeos mais legais de Death Metal que eu já vi. Eu acho que hoje é difícil chocar porque nós temos visto de tudo.
Como os fãs têm recebido “Dismember” (2008)?
Tobias Cristiansson - As reações têm sido impressionantes. Nós estamos muito contentes com a forma como o álbum tem sido recebido pelos nossos fãs ao redor do mundo. Nós temos obtido excelentes reviews em quase todas as revistas. E um monte de gente quer ouvir o novo material quando nós tocamos ao vivo e isso é sempre divertido. Nós não sabíamos realmente o que esperar devido às várias mudanças na formação da banda desde a última vez, mas eu acho que a qualidade das músicas no novo álbum mostra que o Dismember continua apto a entregar um álbum infernal mesmo após vinte anos no negócio.
A realidade brasileira, em geral, é muito dura com aqueles que querem dedicar tempo integral à música. Fora algumas exceções, nem todos podem se dispor a viver exclusivamente como músicos. Após vinte anos de estrada, como você encara essa perspectiva dentro da sua realidade?
Tobias Cristiansson - Nós temos viajado bastante nos últimos cinco anos ou, então, alguns dentre nós têm tentado viver exclusivamente da música. Eu sempre tive um trabalho extra comigo, então eu trabalho de tempos em tempos quando nós não estamos viajando. Nós temos Matti (o vocalista), que tem filhos e precisa de mais dinheiro, é claro, para sustentar sua família. Então ele trabalha o máximo que pode quando está em casa. Mas após esse ano (2008), nós iremos parar com as viagens para que todos possam trabalhar em tempo integral. Alguns estão cansados de ficar viajando, então nós não o faremos mais como antes.
De todos os trabalhos gráficos dos álbuns do Dismember, qual você mais gosta?
Tobias Cristiansson - Eu gosto de muito de “Pieces”, pois toda a idéia por trás dessa capa é brilhante. Eu me lembro que, quando veio à tona, eu pensei que fosse uma das capas mais legais que eu já tinha visto na minha vida. Mas eu também gosto bastante da arte de capa do nosso último album. Ela é extremamente simples, mas muito efetiva, e o desenho é muito bem feito.
Não há um consenso sobre a origem do Heavy Metal. Você acha que a busca pela quebra de padrões, por exemplo, já é um conceito hipster para ser tido com um objetivo importante demais, se formos atribuir uma função social ao estilo?
Tobias Cris
Sim.
Tobias Cristiansson - Bem, cada um tem o direito de fazer o que quiser com a própria música. Eu sou, por outro lado, uma pessoa bastante tradicional, então eu posso nem sempre gostar quando se mistura muitos estilos. Mas enquanto as letras seguirem, eu acho que você pode cantar qualquer coisa que sinta ser importante. Por outro lado, eu não dou muita importância às letras.
Você acha que o line-up original define a essência da banda?
Tobias Cristiansson - O Dismember passou por muitas mudanças na formação em todos esses anos. Eu, por exemplo, sou o quarto baixista na banda e eu tenho estado com eles por mais de três anos. Mas eu posso dizer que o Dismember esteve tão bom quanto hoje em dia. Por exemplo, o nosso novo baterista, Thomas Daun, é excepcional, um baterista realmente muito bom. Mas eu acho que os antigos fãs sempre verão a primeira formação como a definitiva. E eu entendo isso perfeitamente, pois eu também sou assim com as bandas que gosto. Para mim, Janick Gers continua sendo o novo guitarrista do Iron Maiden. E olha que ele tem estado com eles desde 1989. (risos)
Como você vê o fato de dar entrevistas sempre respondendo às mesmas perguntas? Qual é a principal ausência na imprensa especializada na cena Metal?
Tobias Cristiansson - Algumas vezes pode ser entediante se as perguntas são mal feitas e você compreende que o entrevistador não sabe absolutamente nada sobre o som da banda. Mas eu posso dizer que esta entrevista está realmente muito boa, não fazendo apenas perguntas-padrão o tempo todo. Mas eu não tenho problemas com isso, compreendo que tenha de responder às mesmas questões sempre e sempre. Eu aceito isso.
Há algum tipo de tendência “de humor” na banda?
Tobias Cristiansson - Eu realmente não consigo entender o que você quer dizer com “tendência de humor”. Mas uma tendência na banda é o nosso mau humor. Eu acho que você precisa ter certo humor para agüentar todo o tédio que pode surgir quando se está viajando. Eu posso me tornar realmente estúpido depois de um instante. Eu quero dizer que não é bom para a idade mental viajar em uma van por dez horas por dia como nós fizemos quando viajarmos para o Canadá. Você deve tentar matar o tempo de alguma forma, e fazer piadas sem graça é uma forma de fazer isso.
Quer deixar algum recado para os leitores desta entrevista e fãs da banda? Caso sim, esteja à vontade.
Tobias Cristiansson - Antes de tudo, eu gostaria de agradecer a todos
Fonte: Entrevista publicada em dezembro de 2008 no Portal Novo Metal
Nenhum comentário:
Postar um comentário