quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Apocalipse Político

Por: Mara Vanessa - 6º período - Jornalismo
mara.vanessa777@gmail.com - Especial para o jornal Matraca (editorial)

Tremores de terra, enchentes, deslizamentos, mortes. O mundo parece estar entrando em colapso e o temido fim dos tempos - profetizado pelas grandes religiões – é noticiado tacitamente pela mídia em forma de epidemias sinistras, catástrofes naturais incontidas e desumanização das relações sociais e pessoais. As instituições seculares, por sua vez, corroboram com o coro dos aflitos e anunciam o apocalipse: estamos no limite.

Enquanto as calamidades públicas são encaradas como “destino” e “vontade divina”, o sistema elitista de poder, composto por grandes corporações político-empresariais e demais hierarquias governamentais, continua se locupletando da grande massa de homens e mulheres, trabalhadores e desempregados, pessoas que, muitas vezes, vivenciam uma experiência social negativa e são exploradas dia após dia. No Brasil, o descaso generalizado repercute em espaços urbanos e rurais sem infraestrutura, condições insalubres de sobrevivência e propagação de atividades criminosas.

É neste cenário apocalíptico que ocorrerão as eleições quase gerais em nosso país. Haverá, então, esperança para o povo? Não se tem certeza. A única certeza que temos é que os grupos políticos se tornam cada vez mais poderosos e menos interessados no bem coletivo, transformando o povo em massa de manobra e os eleitores em moeda de troca por cargos e posições de liderança. Ao invés de propostas de governo coerentes, recebemos declarações anestesiadas; no lugar de candidatos dispostos a investir em políticas públicas, somos nocauteados por discursos retóricos e brigas partidárias.

Não interessa o que é melhor para a nação, pois, parafraseando o clássico articulista Maquiavel, “as finalidades pessoais justificam os meios coletivos”. Dizendo de outra forma, não interessa se a rua em que você mora está repleta de lixo, sem calçamento; se não existe sistema de esgoto no seu bairro ou ainda se seu filho morre em um leito de hospital público porque não conseguiu ser atendido. O que interessa é que todos esses “pequenos sacrifícios” serão apenas números e dados, ocultados por relatórios falsos ou usados nos discursos políticos dos opositores.

Quanto tempo se perde nas disputas mesquinhas entre coligações políticas? O Piauí está gabaritado para falar sobre isso. Por meses, a população piauiense assistiu de camarote aos momentos de “dúvida” e ameaça entre correligionários e aderentes para saber se o ex-governador do Estado, Wellington Dias, deixaria o posto para tentar uma vaga no Senado e se o ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, disputaria o governo, desocupando o posto na prefeitura. Qual seria o candidato lançado pelo partido do ex-governador? Que nome seria indicado para ocupar aquele cargo da Secretaria? Quem faria o quê? Eis as preocupações que nortearam os rumos da campanha eleitoral de 2010 em território piauiense.

Resta saber: quem somos nós? Por que nossa cidadania não tem sido respeitada? Onde estão nossos direitos e garantias (certificados pela Constituição Federal)? Por que nos deixamos paralisar por tão pouco?

Um comentário:

TOM MEDEIROS disse...

FANTÁSTICO!!!!!!! PARABÉNS A ALUNA!!!