quinta-feira, 24 de abril de 2014

Pirataria, valorização e músicas autorais: as dificuldades de bandas independentes


Atualmente, não se lucra mais com venda de discos, mas com shows e eventos. Mesmo percebendo a dificuldade do cenário musical piauiense, a banda Validuaté, frente ao desafio de enfrentar os avanços tecnológicos, redes sociais e pirataria que afetam diretamente a comercialização de CD’s e DVD’s, pretende lançar o seu primeiro DVD com músicas totalmente autorais.

Em entrevista à Agecom, integrantes da banda falaram dos novos projetos e sobre a volta aos palcos depois de um breve hiato após a gravação do DVD de comemoração de 10 anos da banda, em novembro de 2013.

O vocalista da banda, Quaresma, apontou que as bandas tem que saber administrar suas carreiras, encarar que nos tempos atuais, existem pessoas que não tiveram contato com um CD e saber chegar a todo esse tipo de público. “Temos esse desafio de atender os vários perfis de consumidores da nossa música. Desde aquele que não compra o CD, mas baixa, escuta, gosta e vai para o seu show, ou aquele que então, não compra o CD, não baixa, acaba pegando de um amigo e só vai ao show quando é de graça. Esse público também é importante e precisa ser respeitado porque ele acaba se tornando um meio de divulgação”, ressalta falando da dificuldade de levar uma banda autoral e independente no cenário musical piauiense.

Bandas autorais como a Validuaté enfrentam problemas porque há uma diferença natural entre Teresina e outras capitais metropolitanas. A falta de locais para shows, bandas que lançam álbuns e não conseguem seguir uma carreira estável, consolidar-se pela falta de um mercado cultural consciente. Grandes festivais, gravadoras e produtores acessíveis são pontos carentes que complicam a carreira dos músicos piauienses. E por saber de toda essa dificuldade, a Validuaté está com planos para uma turnê pelo sudeste do país.

John, também integrante da banda, resaltou que outro grande problema é a falta de investimentos dos órgãos públicos. Falta de lugares para shows, a desvalorização dos próprios produtores de eventos, pagando cachês baixos, atrasos dos pagamentos em ate 1 ano após o show como foi revelado pelo baterista. Onde não há investimento, não há crescimento. “Para a produção de um show bom, bonito, é necessário dinheiro, uma equipe boa, e se até os produtores dos eventos que trazem o nosso show para o público não valorizam nosso trabalho, ou seja, não pagam algo justo, a coisa não flui”, lamenta.


Uma forma de tentar provar que as bandas independentes não precisam ser tão dependentes de produtores e gravadores, o Validuaté está com o projeto “Cartase”, com fins de arrecadar dinheiro para a produção do DVD, que funciona através de doações. Se a meta dor atingida, o DVD será lançado e todas as pessoas que colaboraram, iram ganhar artigos da banda que variam de acordo com o tamanho da doação, como ingressos para o show de lançamento do DVD, e shows particulares.

Texto: Aryadinni Leal - Repórter Agecom
Edição: Fernando Brito

Nenhum comentário: